Pedro Figari: nostalgias africanas
com Pablo Thiago Rocca
14 de dezembro de 2018 - 10 de fevereiro de 2019
Museu de Arte de São Paulo, MASP
21 de março – 26 de maio de 2019
Museo Nacional de Artes Visuales, MNAV

Pedro Figari: nostalgias africanas
Esta exposição apresenta uma seleção de 63 obras que retratam as populações afro‑uruguaias como foram imaginadas pelo advogado, político e artista Pedro Figari (1861‑1938). O título se refere também a uma de suas pinturas. Para além da natureza, do erotismo e do mundo do trabalho, Figari representa as populações negras de seu país através de cenas da vida comum, que revelam a complexidade dos modos de vida daquelas pessoas. Morando em Paris nos anos 1920 e 1930, o artista desenvolveu um trabalho em pintura marcado por pinceladas expressivas. Este estilo ao mesmo tempo confere imprecisão ao desenho das figuras e seus rostos, e um sentido forte de coletividade às cenas, como se todos os elementos estivessem num mesmo plano simbólico. Filho de imigrantes genoveses, Figari é o único artista branco que recebe uma exposição no MASP em 2018, no contexto de um ano todo da programação dedicado às histórias afro‑atlânticas, em torno dos “fluxos e refluxos” entre a África e as Américas, o Caribe, e também a Europa.
A exposição se divide em seis conjuntos que desdobram o tema do cotidiano. No primeiro deles estão as danças e festividades, sendo a mais importante o candombe — dança emblemática das populações afro‑uruguaias, praticada em grupo, ao som de tambores. O segundo conjunto apresenta o Dia de Reis, comemoração híbrida da festa católica dos Reis Magos, em pleno carnaval. As cenas que compõem o terceiro conjunto se passam no interior dos conventillos, habitações coletivas que floresceram em Montevidéu entre o final do século 19 e início do 20. No quarto conjunto estão os casamentos, e no quinto, as solenidades fúnebres. Instituição tão funesta quanto a própria morte, a escravidão é representada no sexto conjunto. O Uruguai foi aboliu a escravidão em 1842, 19 anos antes do nascimento de Figari e 46 anos antes de ser abolida no Brasil.
A rica cultura afro-uruguaia representa a memória dos africanos forçados a migrar e escravizados na região, e também se constitui como importante resistência cultural, que unifica a comunidade e constrói sua identidade em oposição aos ideais racistas propostos pela sociedade colonial. Figari tinha consciência da invisibilização a que os negros de seu país eram submetidos e se empenhou em criar imagens vivas daquelas populações.
A exposição de Pedro Figari reafirma a importância desse pintor para a modernidade latino-americana e é organizada pelo MASP, em parceria com o Museo Nacional de Artes Visuales e o Museo Figari, de Montevidéu.


A nostalgia de Figari, O Estado de S. Paulo
Masp termina seu ano afro com exposição do uruguaio Pedro Figari, Folha de S.Paulo
MASP reúne obras da cultura africana no Uruguai, Cultura FMRetrospectiva de Pedro Figari recupera o Uruguai africano no Masp, O Estado de S. Paulo
