Acervo em transformação: mulheres à frente
5 a 10 de março de 2019
Museu de Arte de São Paulo, MASP
com Olivia Ardui, Camila Bechelany, Paula Coelho, Bianca Gonçalves, Ana Luiza Maccari, Maria Carolina Maia, Marina Moura, Nalu Maria de Medeiros, Tarsila Oliveira, Juliana Peixoto, Indrani Taccari, Erika Uehara, Cecília Winter e Juliana Ziebell
Em março de 2019, um grupo de mulheres trabalhadoras do MASP propôs uma inversão nas obras da exposição de longa duração, que ocupa o segundo andar do museu. Esse gesto, além de destacar a produção das artistas mulheres, também chama a atenção para o desequilíbrio que existe entre o número de artistas homens e o número de artistas mulheres que há nesta exposição, um reflexo da coleção do museu.


Acervo em transformação é a exposição de longa duração que traz uma seleção de obras da coleção do MASP. A característica marcante da mostra é estar em constante modificação, com a entrada e saída de obras em razão de empréstimos, novas aquisições e rotatividade, por isso o seu título. Nesse sentido, oferecemos uma planta-folheto com a localização das obras e a data em que foi realizada a última “transformação”.
Uma singularidade desta mostra é o uso dos cavaletes de vidro, sistema radical de expor obras, concebido especialmente para este espaço por Lina Bo Bardi (1914-1992), também autora deste edifício, inaugurado em 1968. Retirar as obras da parede e colocá-las nos cavaletes possibilita um encontro mais próximo do público com esses trabalhos. As legendas, que trazem os dados das obras, foram instaladas no verso dos cavaletes, pois a ideia original de Lina era de que o primeiro encontro do visitante com os trabalhos fosse mais direto, livre de contextualizações e de informações de autoria, título e data. Nos cavaletes, as obras parecem suspensas no ar e, em uma galeria ampla e sem paredes, o visitante caminha por uma espécie de “floresta” de quadros. O público é assim levado a construir seus próprios caminhos, o que permite justaposições inesperadas e diálogos entre arte africana, brasileira, latino-americana e europeia. A galeria aberta, fluida, transparente e permeável oferece múltiplas possibilidades de acesso e leitura, elimina hierarquias, roteiros predeterminados e convida o espectador a entrar em contato com diversas histórias da arte.
Na semana do dia internacional da mulher — 8 de março —, as obras dos artistas homens serão instaladas no verso dos cavaletes. Esse gesto, além de destacar a produção das artistas mulheres, também chama a atenção para o desequilíbrio que existe entre o número de artistas homens e o número de artistas mulheres que há nesta exposição, um reflexo da coleção do museu. O coletivo de artistas estadunidense Guerrilla Girls realizou uma exposição no MASP em 2017 e criou um cartaz, aqui exposto, que aborda essa disparidade e sinaliza a necessidade de uma resposta da instituição para essas questões. As constantes transformações da exposição procuram também fortalecer a presença de artistas mulheres nesta galeria. O atual percentual dessas artistas em exposição é constantemente atualizado na planta-folheto, em contraposição aos 6% observados pelas Guerrilla Girls em outubro de 2017. Essa iniciativa ganha relevância particular no ano em que toda a programação do Museu é dedicada às Histórias das mulheres e às Histórias feministas.
O caráter vivo e dinâmico do Acervo em transformação se desdobrou em um programa de intercâmbios com museus do mundo todo. Desde 2018, a cada ano, o Museu vai mostrar uma seleção de obras de uma instituição parceira nos cavaletes, em diálogo com nosso acervo. Depois da Tate em 2018, a partir de 4 de abril de 2019, o MASP apresenta, por nove meses, dezoito obras do Museu de Arte Contemporânea de Chicago.


