Mariana Leme
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Histórias das mulheres: artistas até 1900
23 de agosto - 17 de novembro de 2019
Museu de Arte de São Paulo, MASP
com Julia Bryan-Wilson e Lilia Moritz Schwarcz




Artistas: [Anônimas] Andes, América Pré‐Colombiana, Abigail de Andrade, Sofonisba Anguissola, Marie  Bashkirtseff, Mary Beale, Marie‐Guillemine Benoist, [Anônimas] Berbere, Egito, Anna Bilinska‐Bohdanowicz, Rosa Bonheur, Olga Boznańska, Louise Breslau, Henriette Browne, Maria Emília de Campos, Mary Cassatt, Iria Candida Corrêa, Amélia Da Silva Costa, Victoria Dubourg, Chiquita Ferraz, Celia Castro Del Fierro, Clara Filleul, Lavinia Fontana, Artemisia Gentileschi, Paule Gobillard, Eva Gonzalès, Jeanne Gonzalès, Caroline Gower, Maria Graham, [Anônimas] Grã‐Bretanha, Adrienne Grandpierre‐Deverzy, Catarina Van Hemessen, Pilar De La Hidalga, Maria E. Ibarrola, Angelica Kauffmann, Leonor de Almeida Portugal De Lorena e Lencastre (Alcipe), Judith Leyster, Gadalupe Carpio De Mayora, Magdalena Mira Mena, Cornelia van der Mijn, Berthe Morisot, Emily Osborn, [Anônimas] Império Otomano, Clara Peeters, [Anônimas] Pensilvânia, Estados Unidos, [Anônimas] Punjab, Índia e atual Paquistão, [Anônimas] Rabat, Marrocos, Juliana Sanromán, [Anônimas] Santa Catarina, Brasil, Thérèse Schwartze, Maria Spilsbury, Marianne Stokes, [Anônimas] Suzani, atual Uzbequistão, Francisca Manoela Valadão, Maria Verelst, Elisabeth Louise Vigée Le Brun, Elisabeth Geertruida Wassenbergh, Michaelina Wautier, Joanna Mary Wells, Berthe Worms e [Anônimas] Yakan, Filipinas

Histórias das mulheres: artistas até 1900

A exposição Histórias das mulheres apresenta quase cem trabalhos, que datam do século 1 ao 19. Como o título indica, não se trata de uma única história, mas de muitas, narradas por meio de obras feitas por mulheres que viveram no norte da África, nas Américas (antes e depois da colonização), na Ásia, na Europa, na Índia e no território do antigo Império Otomano.

Uma das características mais fortes desta mostra é o diálogo que se estabelece entre pinturas e têxteis, escolhidos como um suporte emblemático — afinal, a pintura também é feita sobre tecido. Com 60 pinturas, 2 desenhos e 34 tecidos de diferentes épocas e origens, Histórias das mulheres destaca trabalhos para além das categorias tradicionais das belas artes, procurando oferecer perspectivas mais amplas e mais plurais. Embora não se conheça o nome das artistas têxteis, todas as peças expostas foram produzidas por mulheres. Em muitas regiões do mundo antes de 1900, a criação de tecidos, feita manualmente, era considerado um trabalho de gênero e visto como o ideal das mulheres — da mesma forma que a pintura de belas artes era típica e idealmente feita por homens. Colocar essas duas formas de trabalho juntas demonstra a persistência do fazer das mulheres ao longo do tempo. Mesmo que os tecidos estejam excluídos das definições de arte, e de as mulheres terem sido barradas do treinamento nas academias, a exposição mostra que elas sempre fizeram arte.

Algumas artistas tiveram carreiras de grande sucesso. Este é o caso das tecelãs da América pré-colombiana, que desfrutaram de uma posição de prestígio nas sociedades andinas, de Sofonisba Anguissola, que trabalhou para a corte espanhola no século 16, de Mary Beale, cujo marido foi seu assistente de ateliê, no século 17, de Elisabeth Louise Vigée-Le Brun que ocupou o cargo de “primeira pintora” da rainha da França, no século 18, e de Abigail de Andrade, que ganhou uma medalha de ouro no Salão de 1884, no Brasil imperial.

Apesar disso, as mulheres representam um contingente muito menor que seus colegas homens nos manuais de história da arte, nas narrativas oficiais e nas coleções de museus. O MASP possui em seu acervo apenas duas pinturas de mulheres artistas até 1900: um autorretrato da portuguesa Leonor de Almeida Portugal de Lorena e Lencastre e um panorama da baía de Guanabara, da inglesa Maria Graham, especialmente restaurado para esta exposição.

É difícil falar de histórias feministas antes do século 19, por isso falamos em histórias das mulheres. Mas olhar para as artistas dessa época, hoje, nos ajuda a estabelecer genealogias feministas. O encontro com essas várias precursoras — nomeadas ou anônimas, famosas e desconhecidas — nos convida, assim, a repensar as hierarquias da história tradicional, que costuma celebrar a arte como uma atividade de homens brancos e europeus. A singularidade das obras expostas mostram que a arte é muito maior e mais complexa do que se costuma imaginar.

Ensaio para o catálogo disponível [aqui]
Palestra sobre a exposição disponível [aqui]



Fotos: Eduardo Ortega


Imprensa

Masp expõe obras raras de mulheres, O Estado de S. Paulo
Sempre foram elas, Arte!Brasileiros
Masp exibe obras de pintoras que foram ignoradas na história da arte, Folha de S.Paulo
Arte que resiste, O Estado de S. Paulo
Novas exposições do Masp resgatam mulheres esquecidas pela história, Gazeta do Povo
Mulheres invisíveis (e poderosas) no Masp, Veja
Arte feminina histórica e contemporânea ocupa o Masp em duas mostras, O Globo
Mulheres ignoradas na arte são temas de exposições no Masp, Casa Vogue
Masp destaca feministas e mulheres apagadas pela história da arte em mostras, Marie Claire
Duas exposições no MASP exaltam o protagonismo feminino, Casa e Jardim
Feminino feminista: MASP abre as portas para expos feitas exclusivamente por elas, BAZAAR
Cinco artistas imperdíveis na mostra Histórias das mulheres, Arte que Acontece